sábado, 13 de abril de 2013

Mobilidade Urbana - uma perspectiva particular




Texto: Valdeci C. de Souza 

Por muitos anos deixei de ir ao centro de Porto Alegre de ônibus já que meus interesses (comerciais e sociais) estavam em Cachoeirinha, cidade onde resido. Muito raramente usava o transporte público para ir ao centro da capital, mas já percebia que a tal “mobilidade” estava começando a ficar crítica. De mobilidade quero dizer, porque o atendimento das concessionárias do transporte público continuava (e continua até hoje)  exatamente como sempre foi: Desrespeito com o usuário em relação ao descumprimento dos horários; limpeza dos ônibus e no tratamento deselegante dos funcionários das empresas concessionárias aos usuários.

Em quase 20 anos de ausência como usuário do transporte público, muita coisa mudou. Para pior. Muito pior infelizmente. Agora, além do desrespeito ao usuário, muitos carros particulares ocupam o espaço disponível na rodovia congestionando, em demasia, o trânsito.

Agora que sou obrigado, por força de trabalho, a ir diariamente a Porto Alegre, estou sentindo, na pele, o caos que se tornou o trânsito. Por vezes, para percorrer pouco mais de 40 km, tenho que ficar dentro de um ônibus mais de uma hora e meia! Quando não viajar em pé todo este período. Um absurdo se levarmos em conta que é possível fazer este mesmo percurso em 40/45 minutos num domingo sem muitos veículos particulares na estrada.

Isso sem contar o tempo de espera nos terminais. Já fui obrigado a esperar mais de 45 minutos pelo transporte público. E não foi uma ou duas vezes... Isso ocorre com frequência que chega a beirar a escândalo e descaso.  Nos horários de pico, entre 17h e 20h, é impossível saber exatamente que momento você vai conseguir entrar no ônibus que vai levá-lo até sua casa. Uma verdadeira loteria. Além do caos do congestionamento, o desrespeito das concessionárias e dos órgãos fiscalizadores. Queixar-se? Nem pro bispo! 

Enquanto a população sofre neste inferno diário, as autoridades continuam a priorizar o transporte particular através de incentivos na compra de mais e mais automóveis. A continuar esta estratégica de defender só os interesses das montadoras e de pensar só na mobilização de veículos e não de pessoas, o caos só tende a piorar. Quem duvida disso? 

Esta campanha de “Mobilidade Urbana” que o Greenpeace iniciou neste dez de abril é importante para alertar a população que é preciso agir. Agir rapidamente para inverter esta cruel realidade. Devemos, todos nós, exigir medidas urgentes para que as cidades adotem seus Planos de Mobilidade Urbana para que tenhamos mais agilidade, acessibilidade e conforto no direito que temos de ir e vir. De ir e vir com rapidez e sem poluir a atmosfera com gases do efeito estufa.

Cada cidadão deve exigir mais transporte público, mais metrô, mais ciclovias, mais acessibilidade. Devemos inverter esta lógica de priorizar a mobilização de veículos e não de pessoas. Neste particular, a campanha do Greenpeace vem em boa hora e, não por outra razão, que o grupo de voluntários de Porto Alegre também aderiu à campanha. Acredito, sinceramente, mais que palavras e desejos, devemos partir para a ação e conscientização das pessoas à nossa volta para mudarmos este modelo que ai está. 

Cabe aos governantes a tarefa de implantarem, com urgência, medidas para transformarem as cidades mais acessíveis às pessoas e sua mobilidade urbana. A continuar este caos no trânsito e este incentivo sempre ao transporte particular vamos enfrentar um caos sem precedentes na história. Nossos impostos devem privilegiar a mobilidade de todos e não só um segmento da população.

Mobilidade Urbana já! 

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